segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Câmara de Almada - mandato 2013/2017: que ajustes diretos são estes afinal?



Do total de contratos celebrados pela Câmara Municipal de Almada no mandato anterior (2013-2017) por ajuste direto (conforme tabelas apresentadas no artigo de dia 20 do corrente mês) vamos hoje fazer uma pequena abordagem às “aquisições de serviços".
Em quatro anos a CDU outorgou 537 contratos desse tipo no valor global de 9.702.650,54€ os quais tiveram uma duração média de 138 dias e custaram 18.068€ cada um, também me termos médios.
Após as eleições do dia 01-10-2017, estavam ainda em execução 61 contratos sendo que destes 39 continuavam nesse estado à data de recolha da informação (19-01-2018).
Como o nosso interesse pelos ajustes diretos advém da necessidade de tentar conhecer se existem prestadores de serviços (em regime de tarefa ou avença) que possam estar abrangidos pelo PREVPAP (programa de regularização extraordinária dos vínculos precários da administração pública), àquele número inicial (537) foi aplicado um primeiro filtro: retirada de todos os NIPC (número de identificação de pessoa coletiva).
Ficaram, então, apenas 41 contratos celebrados com contribuintes individuais e são esses que importa analisar não sem antes aplicar um segundo filtro: excluir todos os que tinham data de fecho (4), haviam sido celebrados com trabalhadores que hoje ocupam lugar de dirigente no município – caso de Carlos Marques – (2) e, por fim, aqueles cuja adjudicação fora para apoio a projetos específico entretanto concluídos (3).
Restam 32 contratos, dos quais 18 já caducaram (isto é, o prazo de execução já findou) embora se desconheça se houve renovações que possam, eventualmente, não ter sido registadas.
Destes há 8 que são “incógnitos”, isto é, a respetiva ficha de contrato na Base.gov não indica o nome do adjudicatário. Todavia, consultados os elementos do processo foi possível identificar todos os contratados, conforme lista que divulgamos, incluindo as ligações para os documentos de suporte.
Na data de referência da informação (19-01-2018) apenas 14 estão em execução.
Apenas 4 trabalhadores tiveram contratos renovados e um deles já terminou a avença há mais de um ano (Miguel Oliveira) e os restantes três continuam em execução (Luís Mendes, Nuno Casolo e Sara Cardoso). Toda a informação disponível AQUI.
Estranhamente, há aquisições de serviços cujo contrato não foi publicado (entre eles dois que têm disponível como sendo seu um contrato de outra pessoa):
Ana Oliveira (arquiteta); Luís Mendes (jurista); Sílvia Moreira (artes plásticas) Soraia Juma (psicomotricidade) Vânia Cruz (projeto “leitura e literacia”) e Vasco Sá (engenharia multimédia).
À exceção de dois, todos indicam como justificação para a necessidade de recorrer ao ajuste direto “ausência de recursos próprios”.
Embora os respetivos mapas de pessoal da Câmara Municipal de Almada tenham tido sempre lugares vagos na carreira de técnico superior (6 em 2013; 27 em 2014; 19 em 2015 e 34 em 2016 – não existe informação sobre 2017), e algumas das tarefas em causa possam corresponder a necessidades permanentes dos serviços, certo é que a preferência foi para o ajuste direto.
Porquê? Para fugir ao processo de seleção obrigatório nos concursos de pessoal? Para poder escolher a pessoa a contratar por critérios de afinidade (política ou outra)?
Possivelmente dirão que se tratou de razões ponderosas de satisfação urgente do interesse público que não se compadeciam com a burocracia e morosidade dos concursos de pessoal… Mas terão sido mesmo?

Continua



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